Que você possa sorrir sempre. Digo isso rezando, porque espero que você nunca possa sentir a responsabilidade da censura que você me impôs, tirando suas próprias conclusões e metendo o dedo numa ferida quase cicatrizada. Mas você não sabe nada sobre mim, não podia adivinhar. Você só pensou em você e continue assim, porque eu sei me virar sozinha.
Eu ainda rezo para que você não sofra, nem chore e que a vida não queira que você limpe com as suas lágrimas a bagunça que me fez fazer com as minhas.
As pessoas não passam impunes, eu sei bem disso, paguei pela censura que você me impôs e lá se foi metade do meu arsenal de textos que eu tanto gostava, não porque os textos remetiam a alguém, mas quando a gente escreve, não interesse pra quem está escrevendo e sim que escreveu. Aquilo que a gente escreve vira um pedaço da gente em letras, pedaço da nossa história, da nossa vida e eu fui amputada por você. Eu amputei tantos pedaços meus em respeito a você, que eu não conheço, porque eu quero que você seja feliz. Mas não existe vítima nem algoz quando se trata de sentimentos.
E por falar em sentimentos, que Deus conserve esse sentimento lindo que você deve ter pra sempre, porque quebrar a cara depois de abalar tanto a vida das pessoas a sua volta, e de pessoas que, como eu, você mal conhece e mesmo assim, mexeu na vida, poderia ser doloroso.
Não ache que sou irônica, que esse texto é uma afronta, nada disso.
O que deixo aqui é minha sincera vontade de que, mesmo tendo minhas razões para não querer que nada de bom aconteça na sua vida, eu espero mesmo que você seja feliz.
Porque você precisa ser feliz. Todos precisamos. Mas você precisa mais que eu e precisa mais de alguém que a faça feliz.
A vida me deu uma dose extra de qualquer coisa que eu não sei o que, que me mantém firme. Porque se eu não fosse firme, teria sucumbido há tempos. Se eu não tivesse essa força, essa luz que brilha e me guia eu estaria visivelmente arrasada por ter sido censurada, isso mesmo, porque o que você fez, mesmo sem querer ou não, foi censura.
Eu aprendi pelo sofrimento e pela dor que nosso Calvário é solitário, por mais que estejamos rodeados de pessoas que nos amem. Pessoas como você tem mais sorte porque podem se apoiar e seguir amparadas, como você está no momento. Talvez mereçam mais essa proteção. Eu tive que aprender a caminhar sozinha.
Se eu não me fizesse forte todos os dias, se não tivesse aprendido a enxugar minhas próprias lágrimas, hoje, talvez, odiasse você. Mas eu quero que você seja feliz, porque você precisa de alguém que cuide de você.
Não estou te criticando por ter alguém que enxugue suas lágrimas, pelo contrário. Você tem sorte por isso e deve agradecer.
Mas se eu, muito embora você não queira nada que venha de mim, pudesse lhe pedir algo é: me deixa em paz.
Não aparece mais aqui, não leia mais o que eu escrevo. Se você já revirou o suficiente esse meu espaço, você vai ver que sua censura funcionou e não tem nada mais que possa ferir o seu ego ou seu romance aqui. Você não foi a primeira a me censurar mas foi a primeira censura que eu acatei. Talvez por sentir de alguma forma que você precisa muito ser feliz. Precisa mais do que eu, porque nem eu quero que você aprenda a conviver com a tristeza, é muito ruim e não desejo isso pra você, nem pra ninguém.
Então, se você tem um pouco de compaixão, esqueça que eu existo e que eu existi um dia na sua vida. Esqueça esse endereço eletrônico porque não há mais nada que lhe diga respeito aqui depois dessas últimas palavras que lhe escrevo. Você conseguiu o que queria, agora pronto, me deixa em paz. Porque senão, qualquer conto medíocre que eu venha a escrever aqui sobre qualquer coisa ou pessoa, vai ser uma pulga atrás da orelha da sua intuição e eu não suporto viver sob censura. Isso aniquila a vontade, o ar e a magia de quem escreve.
Então, a minha parte eu fiz, faça a sua e nunca mais, mas nunca mais mesmo, volte aqui. Eu lhe dei minha palavra por ações. Eu espero o mesmo de você. No mais, seja feliz, é só o que posso lhe desejar.