sábado, 25 de agosto de 2012

Desabafo de um sábado

Tava pensando nesse meu jeito de ser, pensando na forma que eu me percebo aqui. Gabriela, 20, habitante desse imenso planeta e um cisquinho de nada nesse Universo estrelado e místico.
Não sei, mas agora que comecei a encaixar as peças do meu quebra cabeça sinto uma grande responsabilidade em mim. Sinto que sou responsável por fazer alguma coisa mais concreta do que tudo que já fiz, se é que posso dizer que fiz alguma coisa, né.
Talvez eu não chegue a descobrir a cura pro câncer, eu nem estou estudando para isso, mas eu preciso deixar uma marca minha aqui, um sinal de que a Gabriela veio, mas não veio por nada, só pra roubar oxigênio alheio e poluir mais o planeta, sabe.
Talvez seja por essa vontade de querer fazer algo, mudar, construir, ajudar, que eu não me contente em ser só eu. E por isso mesmo ser uma brilhante jornalista paulista, gostosona ou gorda, descolada, editora da super revista qualquer coisa, rica e sozinha não serviu bem pra mim. Porque desse jeito ia ser só eu.
Não acho ruim que existam grandes jornalistas gostosonas, descoladas e todas essas coisas. Cada um se percebe de uma maneira, cada um sabe que é útil e que faz a diferença (ou não) em algum lugar.
Mas eu não cabia ali e continuo não cabendo nesse padrão high-society mega feliz, sou das vodkas caras e dos cabelos cada vez mais tingidos e claros, dos amigos sempre reunidos num lugarzão bacana ouvindo qualquer coisa que seja 'cool'.
Se você, elas ou eles se percebem assim, ok, vão em frente, se faz bem, que bom, mas que não faça mal.
Eu não quero passar minha vida sabendo que eu não fiz nada de útil pra alguém, que eu não ajudei uma pessoa sequer a ter uma visão mais bonita do mundo, sem ser lembrada com carinho por alguma coisa útil que eu fiz. Eu não quero ser uma estátua numa praça, nem espero gratidão eterna pelo amor que eu doou para as pessoas que passam pela minha vida, mas eu só quero ser mais sólida e menos solúvel do que tanta gente que eu vejo por aí, vagando só o corpo e a etiqueta, com um coração sem nada, batendo pelo próximo lançamento da Apple. Eu já fui solúvel demais, agora é tempo de mudar.
Eu tenho uma vida confortável. Se não tivesse, talvez não estivesse aqui, sentadinha, cheirosa depois de um banho quentinho, escrevendo no meu computador sobre isso. Não quero ser hipócrita, eu só queria um pouco mais de vida, de cor, de pessoa, de humanidade por aí.
É tudo tão rápido, fácil, líquido, não dói, não precisa mastigar, entrega em todo o Brasil sem frete, não precisa sair de casa pra nada.
Ok, é o conforto, tecnologia, as pessoas  gostam, eu também, especialmente quando é entrega em todo o Brasil sem frete, mas será que as pessoas em si precisam ser sempre assim?
Eu nunca curti muito Pink Floyd, mas as vezes eu acho que eu estou dentro do "Another brick in the wall", vendo meninas cada vez mais altas, com saltos cada vez mais altos e ridículos, se equilibrando numa personalidade que não existe, com cabelos cada vez mais lisos e loiros, roupas cada vez mais curtas, celulares, iQualquercoisa nas mãos, na orelha, no braço e... bom, cada vez mais artificiais, levando vidas artificiais, crescendo mulheres felizes, mas ainda sim, artificiais, um bando de carne moida de segunda, que se juntar dez, não dá um hamburguer decente.
As vezes eu me sinto meio envergonhada por ter quase 21 anos e ainda gostar de brincar de faz de conta, de ser o Capitão Gancho enquanto meus primos e minha irmã correm como Meninos Perdidos no quintal da minha casa, rindo e quando caímos na grama, ainda sim, tudo aquilo é real.
Eu não me acho melhor que ninguém por gostar de crianças, nem todo mundo precisa ser assim, como eu. Não quero que as pessoas sejam iguais a mim, Deus me livre um monte de Gabriela por aí. De mim já basta eu...
Tem gente que se percebe melhor trabalhando com computadores, outros com construções, propagandas, idosos, animais... Mas poxa, essa gente toda cresceu e daí? A gente vai ser assim, cresceu vira café solúvel, perde a graça de esperar a água ferver, o coador escurecer, o cheiro subir, a garrafa fechar. Vai ser tudo assim? Pra sempre?
Eu só queria voltar a ver mais crianças nos adultos, mas não uma infantilidade irresponsável, mas crianças como éramos e como devíamos ser para o resto de nossas vidas.

                                                             A Terra do Nunca é aqui....

Um comentário:

  1. Achei seu blog por acaso :P
    E gostei da sua visão do mundo... também penso que a vida é mais do que estudar, trabalhar, ganhar dinheiro, casar, ter filhos e fim. E ai? Depois de conseguir tudo isso, o que vai ser?
    O que não podemos é sermos mais um na multidão, mais uma formiga que trafega sem "porquês"...
    É isso. ;)
    Mauricio Solla.

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