Ele queria saber porque ela havia derramado aquelas lágrimas. Talvez a situação a tivesse chateado de novo, talvez ela não aguentasse mais, talvez estivesse insegura, talvez não queria que nada atrapalhasse o que eles sentiam.
Mas para ela, por um instante nenhuma daquelas chateações nem daquelas pessoas chatas e infames existiam mais.
Naquele instante eterno, onde o céu e as poucas estrelas que haviam aquela hora foram testemunha do que eu chamaria de um verbo. Transbordar. Transbordar de amor.
O amor se revela de inúmeras formas, de tantos jeitos que confunde as pessoas. Mas quando amor se mostra da sua maneira mais pura e simples, numa lágrima gratuita, por exemplo, então o mundo fica em paz.
Não era uma lágrima de medo, não era uma lágrima de arrependimento, de tristeza, nem de revolta. Era a lágrima do amor, que vem o mais profundo do que é o amor. Do âmago e da essência.
Quando ela viu a sombra deles, unida, num encaixe tão perfeito, foi como se ela tivesse, por um instante, completamente em paz. Como se tudo estivesse na mais perfeita harmonia, como se tudo fosse tão maravilhoso quanto aquele sentimento que crescia dentro dela.
Ele, com todos os defeitos e com tudo que havia acontecido, era tão lindo, tão amoroso, tão carinhoso e tão digno de ser amado. Ela queria dar a ele todo o amor do mundo, porque ele merecia o amor. Merecia ser visto, compreendido, escutado, mas acima de tudo, merecia ser amado!
Ela sentia o amor crescendo, crescendo e crescendo. E naquele abraço de quem diz "até logo", a saudade prévia já estava maior do que ela havia previsto. Não queria deixá-lo, não queria soltar dele. Ele num instante era tudo! Tudo! E nada mais existia naquele instante. Então ela fechou os olhos, e apenas sentiu aquele sentimento tomar conta de todos os seus sentidos. Num segundo mágico de amor sem dimensão ela agradeceu a Deus por ele existir e estar ali, abraçado a ela, num abraço perfeito, encaixado como uma chave numa fechadura. Uma única chave para uma única fechadura. Um coração que se completa no outro.
E não conseguiu conter a emoção... O amor era tanto, imenso, imensurável e transbordou.
Transbordou pelos olhos dela, encheu o coração dela de alegria e de sentimentos que vão além das palavras.
Ele achou por um instante que aquelas lágrimas eram de tristeza ou coisa parecida. Mas naquele momento, não havia espaço para tristeza. Só havia espaço para três, ela, ele e o amor.
Talvez ele não tenha entendido ao certo o que aconteceu e por mais que ela queira explicar não vai conseguir. O amor não é passível de explicações, tampouco de compreensão.
Ele chega mesmo quando tentamos negá-lo, quando fazemos de conta que ele não existe.
Ele chega com tudo e muda nossas vidas. Nos faz pessoas melhores, mais felizes e amáveis.
O amor é soberano. O amor transborda.
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