sábado, 11 de agosto de 2012

Sobre camarões, sobrancelhas e a saudades que eu tenho dela

Vi os camarões e me lembrei dela. Impressionante como lembro dela toda vez que vejo camarões.
Eles pareciam os maiores vilões da etiqueta pra uma moçoila do interior como eu naquele tempo, até que apareceu ela e amável como uma mãe, me disse:
"Vou te ensinar como me ensinaram um dia..."
E hoje, pode vir o monstro do mar que eu estraçalho ele com classe.rs...
Por falar em mãe, ela foi uma mãe pra mim. Todo cuidado que ela teve comigo, todo amor que ela me deu foram marcas que estão acesas até hoje no meu coração.
Hoje olhei pras minhas sobrancelhas e me lembrei do dia que ainda no apartamento de antes, ela olhou pra mim, na hora do almoço e arrumou minhas sobrancelhas. Sorriu como quem consegue descobrir o enigma da Esfinge, um sorriso de menina que ela tem e me disse:
" Olha só, você tem que pentear elas pra cima, a moça que faz as minhas que me ensinou. Depois eu te mostro melhor".
E mostrou.  Não só como arrumar as sobrancelhas, mas tanta coisa bonita, leve, que carrego comigo como jóias preciosas que ganhei dela.
Ela me disse uma vez:
" Quando você for casar, eu vou levar você lá pra ela arrumar a sua sobrancelha também."
Não casei. Nem com ele, nem com ninguém. Mas se um dia eu me casar, será que ela vai me levar lá ainda?
Poucas pessoas marcaram minha vida como ela.
Dentre as recordações, lembro-me do dia, que me afoguei em lágrimas no colo dela. Chorei sentido, daquele choro que a gente só chora no colo da mãe da gente. Ela tinha o colo macio e a respiração calma, como toda mãe deve ter.
As vezes penso que devia ter ido ao encontro dela, mesmo quando a vida quis que nos separássemos. Mas hoje eu vejo que talvez eu fosse sofrer mais, quando chegasse alguma outra moça e eu tivesse que ceder meu lugar no coração dela, assim, de repente.
Foi duro ficar longe dele, eu pensei. Mas passou.
Mas ficar longe dela, até hoje, é algo que me dói.
Queria que ela fosse minha tia, uma parente, qualquer coisa que o sangue nos unisse, pra eu ter sempre uma desculpa sadia pra correr pro abraço dela, conversar, falar até não poder mais e matar a saudade que eu sinto dela, todas as vezes que penso que nunca mais seremos próximas como antes.
Dele, ficou a lembrança. Mas é dela que eu tenho saudades.
Tive mulheres igualmente boas em minha vida, que também guardo com carinho em meu coração. Todas elas foram boas pra mim.
Mas existem pessoas que ultrapassam a barreira do especial. Pessoas que vão viver em nossos corações o resto da vida e que vão ficar lá, cutucando a gente de saudade pra sempre.
Fazia tempo que eu estava ensaiando pra escrever sobre ela. Tive medo, não quis parecer entrona, não queria buscar um holofote pra mim, aparecer depois de tanto tempo. Mas quando fala o coração, eu escuto.
E hoje ele me disse: que saudades da Ana Alice!

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