segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Não me acorde!

Eu não me lembro de ter tido uma sensação como essa. Mas ao acordar naquela sala clara e ver sua cara de sono sorrindo pra mim, foi... indescritível.
No meio de tantas incertezas, tantas reticências, eu vi um ponto na minha frase.
Você.
Você tirou meu ar, tirou meus pés do chão, me ensinou a voar mais alto do que eu já sabia. Você me entendeu num olhar e eu disse amém.
O sol fraco das cinco e meia da manhã entrava pelas janelas e iluminava seu rosto angelical e aquela sua carinha de "ai que sono". Mesmo recém acordada, tendo tudo pra não lembrar de muita coisa, essa cena ficou na minha cabeça e está até agora, tão viva e tão certa, assim como você dentro de mim.
Desde a primeira vez que nos vimos, com o desenrolar de tudo, do jeito como aconteceu, eu sempre quis, da maneira mais pura e inocente, deitar ao seu lado e dormir com você. Simplesmente dormir, só isso. Com a candura que eu jamais quis antes. Eu só queria estar perto e você na hora que você sonha. Eu só queria ser o seu sonho, ou estar neles.
Eu me sinto tão leve e as palavras vem como nuvens na minha cabeça.
Obrigada por tirar meus pés do chão da maneira mais doce que poderia ser.
Agora eu estou voando...
Ah, e se isso for um sonho não me acorde...
Só me acorde se você estiver me esperando com a sua cara de sono, sorrindo pra mim, dizendo "Bom dia, Amor...".

Ah, o Amor...

Aquele sorriso levemente fechado, aquele sorriso que não é preciso nem mostrar os dentes pra ser real e sincero. Aquele olhar tão próprio, aquele jeito de olhar. Aqueles olhos tão convidativos.
Todos os motivos para fazê-la suspirar e delirar nas nuvens que ele traz consigo.
O jeito como ele segurava a mão dela no cinema, como fazia com que ela se sentisse querida e importante em qualquer lugar que estivessem.
A maneira como fala com ela, como demonstra interesse e preocupação em cada palavra, cada ação, por mais pequenina que pareça.
A paciência que tem com ela... E que paciência! Ele poderia simplesmente dizer grosserias, virar as costas, deixá-la falando sozinha, seu bruto e cortar. Mas não, ele e sua paciência de um monge, com a delicadeza de um príncipe e os cuidados de um cavalheiro não a entristecem com palavras ásperas e gritos desagradáveis.
As vezes ele parece de mentira. As vezes parece um anjo.
E ela pensa " Não, será que ele é assim mesmo? Não é possível!", e ele prova mais uma vez que é real, com seus gestos e cuidados, seus mimos e carinhos. Sim, ele é real.
É o mais próximo de um Príncipe Encantado que ela já chegou. Não que ele seja um Príncipe Encantado.
Ele tem defeitos, não é perfeito. Comete erros, tropeços. Mas e daí?
Príncipes Encantados não existem neste mundo. E se ele é o mais próximo disso, então eu diria que ela deveria erguer as mãos para o Céu.
Muito embora ele seja cobiçado um pouco a mais do que ela gostaria, mas fazer o que?
Não tem como não olhar pra ele.
E ela que pensou que fosse demorar pra se apaixonar de novo... Mas bastou ele aparecer, ele e aquela aura colorida e mágica, que tudo mudou. Paradigmas foram quebrados, regras jogadas fora, convenções apagadas e o tempo esquecido.
Não há nada mais bonito quando o silêncio e os olhares reinam entre eles.
E a sós, eles dizem sem falar uma palavra sequer, tudo que vai em seus corações e no mais profundo de suas almas...
Ah, o Amor...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Aquele olhar

Não era apenas o jeito de falar, mas como ele falava.
Não era o beijo, mas como ele beijava.
Ela sabia que bastava ele chegar e armar-se era inútil. Perdia o domínio de si, lançava-se como uma louca desvairada nos braços dele.
E ele fazia valer as loucuras dela. Sabia exatamente como deixá-la mansinha e ao mesmo tempo sabia como enlouquecê-la ainda mais.
Com aquele jeito de menino que só ele tinha ele sabia os lugares certos, o olhar certo de fazer querer a coisa errada.
Os ataques de ciúmes, as brigas, os murros que ela dava na parede, tudo aquilo ficava esquecido num canto do quarto junto com as roupas. E o tempo não existia.
Mas ela não era a única a perder as estribeiras. Ele sabia, não existia outra como ela. Com aquele jeito esbaforido de querer saber tudo, de perguntar o tempo todo, de garimpar a vida dele, ele sabia que o silêncio dela vinha com sabor de vinho tinto e meia luz.
Não precisavam de títulos, enfeites, de nada. Envolviam-se por vontade própria, sem obrigação de nada. Só pelo simples fato de quererem, ardente e intensamente, um ao outro.
Eram testemunhas de si mesmos, e a maior prova disso tudo se dava num olhar. Quando o silêncio era a magnânimo, dava pra ouvir as batidas aceleradas dos corações e eles entravam um no mundo do outro por meio daquele olhar. Aquele que passeava o lado mais intimista de cada um, sem dizer nada, sem perguntar, questionar, ou afirmar.
Não era um olhar qualquer, não é o olhar de quem se olha quando se gosta, apenas.
É o olhar profundo, que quebra todas as barreiras, que é mal educado com as convenções e ao mesmo tempo gentil e sutil. Que entra devagar, mas ao mesmo tempo tira tudo do lugar, transforma.
O olhar de quem se gosta é pouco diante deste. Porque este é o olhar de quem se entende, de quem se quer, de quem sente. O olhar de quem se reconhece dentro do outro, e ao mesmo tempo aceita e adora as diferenças e os defeitos.
Um olhar mais íntimo e calmo. Tranquilo como uma tempestade, envolvente como o canto de uma sereia.
Um olhar....
Aquele olhar....

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Flores de Elis

Elis estava esperando no sofá de casa quando ele tocou a campainha.
"Espero não me arrepender", pensou ela enquanto trancava a porta da sala. Ele estava sorrindo, esperando por ela.
Ele abriu a porta do carro e sorriu.
- Garanto que você não vai se arrepender.
Elis sorriu de volta. "Parece que ele lê meus pensamentos", e riu sozinha.
- Você está linda, Elis.
- Obrigada.
As ruas da cidade estavam movimentadas e decoradas para o Natal. Apesar da luz do sol ainda dominar, Elis ficava imaginando como seriam as avenidas iluminadas a noite.
A rota que ele fez causou certa estranheza em Elis.
- Mas a casa não era pra lá?
- Eu não disse que você teria uma surpresa?
O coração de Elis acelerou. O que ele estaria aprontando?
Desde a última briga, Elis havia recuado um pouco e ele já vinha com surpresas?
Mas ele tinha olhos tão doces que não deveria ser nada de ruim. Os olhos, o sorriso, todo o sentimento e a maneira como ele se portava diante dela fizeram com que Elis desse a ele e a si mesma uma segunda chance de ser feliz.
Mesmo assim, Elis era muito desconfiada e começou a não gostar da "surpresa". E se ele estivesse aprontando?
Elis fechou a cara o resto do caminho mas ele continuava sorrindo.
Foi então que entraram numa rua cheia de casas tão bonitinhas e bem arrumadas. Jardins agradáveis, caixinhas do correio meigas, parecia de mentira.
Elis estava tão entretida com a meiguice daquela rua que mal viu o carro parar.
Ele desceu e abriu a porta pra ela.
- Chegamos.
- Chegamos aonde?
- Na nossa casa!
Elis desceu do carro sem tomar muito sentido do que estava acontecendo. Na frente da casa havia um jardim lindo e decorado. Borboletas voavam por lá. Dois degraus e Elis estava na porta da casa. Ele sorriu.
- Opa, está trancada.
Quando ele abriu, Elis mal podia acreditar no que seus olhos viam, a casa era linda e estava toda decorada com flores por todas as partes.
Elis estava extasiada, não podia falar.
Ela andou pela sala, pela cozinha, pela sala de jantar, os quartos, banheiros, em todas os lugares haviam flores das mais belas e diversas.
Ela voltou e ficou parada diante dele, com as bochechas doendo de tanto sorrir.
- Essa aqui é a ...
- Nossa casa, Elis. Essa é a nossa nova casa, com flores novas pra receber você, só você!
Elis abraçou-o com toda força que tinha, mas logo as perdeu, foi invadida por uma enxurrada de lágrimas.
- Você está chorando, Elis?
- Como, por que? Olha pra essa casa, ela é novinha, olhe esses móveis. Está tudo novo! E essas flores, o jardim da frente... é quase um conto de fadas!
Ele segurou na cintura de Elis e olhou bem nos olhos dela.
- Depois que você foi embora por causa das flores eu entendi que não fazia mais sentido mantê-las lá. Elas já fizeram parte da minha vida, mas agora já estão murchas. Agora é hora de algo novo... Quando você chegou Elis, eu me assustei com a sua falta de disciplina, sua sinceridade e sua impulsividade, mas logo eu vi que eu e você... Você sabe Elis, eu não sou muito bom com palavras, eu não fiz por mal. Mas agora eu quero que você se sinta em casa, na sua casa, na nossa casa. Essas flores são novas, são até "fresquinhas" eu diria, e elas representam tudo isso que está acontecendo, elas representam você Elis! Me perdoe por não ter olhado pra você, por não ter percebido que você só queria meu bem, que esteve ao meu lado, nunca quis magoar você. Eu só queria fazer as coisas da melhor maneira possível...
- Eu sei disso e por isso aceitei o seu convite de hoje... E quer saber, teria sido uma idiota se não tivesse aceitado! Não se preocupe, já passou... Agora somos só eu e você e as nossas flores!
Ele e Elis ficaram ali abraçados por mais alguns minutos, envolvidos pela felicidade, pela cumplicidade, pelo amor e pelo aroma sutil e delicado daquelas flores tão belas que rodeavam aquela atmosfera colorida que se formava. Flores suaves, flores fortes, rosas, violetas, camélias, bromélias, tulipas, e tantas outras que agora testemunhavam algo novo... Flores rosas, azuis, vermelhas, roxinhas e tão lindas... Flores...
Flores de Elis!

Racionalizando, desacelerando...

Eu nunca acreditei muito nessa história de razão. Eu sempre agi com o meu coração, porque foi ele que me levou nos lugares certos a hora certa.
Racionalizar não fazia parte do meu vocabulário. Mas tem horas nas nossas vidas que não basta o sorriso nem os pés fora de chão. Ter os pés fora do chão quando se está na corda bamba não é bom.
Dói racionalizar. Isso tudo que aconteceu foi tão natural, eu simplesmente deixei fluir e foi mágico.
Mas agora eu me vejo rodeada de dívidas que não são minhas, são suas. E eu não vou pagá-las por você.
Quando eu prometi pra mim mesma que só iria me envolver assim de novo se a recíproca fosse verdadeira eu falava sério, não vou desistir dessa ideia.
Pode ser que eu tenha demorado demais pra perceber isso, mas agora eu pisei no freio.
Não, isso não é uma cobrança de atitude nem nada, é só uma reação a sua ação.
Você pode até achar que eu sou incompreensiva, mas é justamente por tentar compreender que eu estou desacelerando.
É horrível me forçar a fazer isso, mas você não me deixa outra alternativa.
Eu já tinha a água pra cima do umbigo e você ainda está com medo de molhar os pés. Então, eu vou sair e vou ficar no mesmo lugar que você. Deixando a água bater nos meus pés, muito embora eu já tenha me molhado bem mais que você nessa história.
Eu vou tomar cuidado com o meu coração.
Eu posso ter lhe dado ele numa corda mas ele ainda é meu. E se você não toma os devidos cuidados, tomo eu.
Pisei no freio, derrapei na estrada, capotei uma série de certezas e acidentei as esperanças. Quando eu te vi pelo retrovisor, eu entendi que eu estava bem mais acelerada. Talvez, porque você parecia tão...diferente.
E você não deixa de ser, mas atrás de tudo isso havia uma série de cartas mofadas e vinhos estragados que eu não quero pra mim. Eu pulei de um barco por muito menos que isso. E se eu ainda não pulei do seu barco é porque eu não consigo dar as costas pra você. Não consigo, não posso e não quero.
Eu só quero andar no mesmo ritmo que você, ou se você mudar de pista, eu também mudo o rumo do meu caminho.
Não me leve a mal, mas eu desacelerei porque eu estava me vendo capotando o carro e me machucando feio. E alguém precisa cuidar de mim...
Não ache que eu goste menos de você, eu até queria que isso fosse verdade, mas não é.
Só estou racionalizando um pouco, desacelerando pra não me machucar...

domingo, 19 de dezembro de 2010

De novo

Eu e essa minha mania cretina de ser passional, emotiva, apaixonada.
Por que não sou mais contida? Talvez tivesse poupado tanta coisa se eu fosse assim.
Eu deveria saber ir mais devagar, ser menos transparente talvez, não demonstrar tanto que já estou na sua.
Eu queria ser, de certa forma, até mais fria.
Talvez, se eu fosse assim, eu me decepcionaria menos. (?)
Queria saber não sorrir tanto assim quando estou apaixonada e nem me apaixonar tão fácil...
Mas de que adianta ficar me lamentando da minha impulsividade crônica e da minha eterna vontade de me apaixonar de novo, de novo, de novo e de novo?
De que eu adianta eu querer ser menos se eu só sei ser mais? Eu não sei ser metade, eu sou inteira e toda.
E só os tolos apaixonados vivem essas emoções que eu vivo. Só os poetas, os boêmios, só os que amam demais sabem a delícia da dor que se sente.
E se não for nada disso, se eu ver que me joguei demais, que me machuquei, tudo bem. Toda ferida cicatriza, eu posso chorar até um pouco mais... Mas eu sei, eu renasço das minhas cinzas, eu sempre sobrevivo e vivo pra amar de novo... De novo, de novo e de novo.

Flores murchas

Elis entrou correndo, mais depressa que devia. Abriu a porta de sopetão. Aquela casa lhe parecia tão amável, ela queria morar lá.
Era tudo lindo e bem arrumado. Muito zelo, todos os móveis eram impecáveis. Perfeito!
Mas Elis já devia saber que nada é perfeito. E quando há perfeição demais é porque alguma coisa está errada.
Elis estava tão esbaforida com a casa que num primeiro momento não sentiu nem o odor que havia lá. Aquela casa era o que ela queria e ele tinha escolhido a melhor possível para que vivessem juntos. O que poderia dar errado?
Mas o feeling de Elis é uma coisa de outro mundo, muito aguçado. Um sexto sentido que vou te contar. Então Elis foi até a sala de visita e lá ela tomou o primeiro balde de água fria.
Flores murchas e velhas. Tão murchas que já estavam escuras e cheiravam mal. Tinham cheiro de fim.
Mas o que aquelas malditas flores ainda faziam lá?
Elis bufou, respirou fundo. A vontade que ela tinha era de jogar aquele maldito vaso com aquelas flores murchas na parede e depois pisotear todos os cacos e as pétalas envelhecidas e fétidas.
Mas não, se aquelas flores ainda estavam lá, fedendo é porque não quiseram tirá-las de lá. E foi isso que enraiveceu Elis. Ela andou pelo resto da casa e percebeu estava rodeada de flores murchas.
O sangue dela subiu. Ela desceu as escadas até a sala de visita. Viu aquele primeiro faso fatídico. Os olhos marejaram, com toda sua raiva ela pegou o vaso e o fez voar na parede e gritou alto:
- Por que?
Pisou nos cacos com toda força. O choro deixou sua saliva mais amarga e ela engoliu como uma pedra.
Estava tudo perfeito, estava tudo tão limpo e claro...
O céu azul de Elis se fechou num dia cinzento e triste.
Elis se deixou desfalecer no sofá. Largada, ela chorava com a decepção de si mesma. Deveria ter sido mais racional, deveria não ter entrado assim, nem ter combinado de juntar as escovas com ele. Não deveria ter dado seu coração assim, numa bandeja. Elis enfiou um peito na faca dele sem medir as consequências que isso traria. O peito dóia, o sangue descia pela blusa de Elis, mas edaí? O sorriso dele era tão mais bonito de perto.
Ele abriu a porta sorrindo, mas o sorriso durou uma fração de segundo quando ele viu aquela cena. Não! O que havia acontecido?
Aproximou-se com toda sua candura e seu cuidado angelical.
-Elis, o que houve?
Ela fechou os olhos e fingiu não vê-lo.
- Elis, fale comigo!- disse ele segurando no braço dele com carinho e preocupação.
- Sai daqui... - disse Elis baixinho.
- Elis, o que foi?
- SAI DAQUI!
- Calma, Elis, o que houve, por que esse vaso está quebrado? Você se machucou?
- Machuquei! Machuquei sim e bem feio ainda. Me machuquei quando acreditei no que os seus ternos olhos azuis me disseram! Machuquei quando entrei de cabeça nessa, porque acreditei que você era diferente! Machuquei quando lhe dei meu coração numa corda e você... Ah, não me olhe com esses olhos, você sabe do que eu estou falando! Essas malditas flores murchas, o que elas ainda fazem aqui? Porque você não me disse desde o começo que haviam flores murchas na sua casa? Por que você não me disse pra ir mais devagar, por que você deixou que eu me entregasse assim, por que você me trouxe aqui? Onde você quer chegar assim? Você não espera que eu conviva com as suas flores murchas e tudo que elas representam, não é? Por que você me trouxe aqui? Por que?
- Acalme-se, Elis, eu posso explicar. Eu lhe contei um dia sobre as flores, mas você sabe, não é assim, não posso sair pisoteando as pétalas e tacando os vasos na parede assim como você. Elas sairão... Eu as deixei aqui porque elas ainda são flores.
- São flores murchas! MURCHAS! Você está vendo alguma vida nelas? Por que se estiver eu deixo você aqui com seu cemitério de flores e vou embora de uma vez por todas! Não pode, porque você não quer! Você quer guardá-las, porque você se sente endividado com as suas malditas flores, mas elas estão murchas! Então quer saber, eu quebrei um vaso, mas tem uma casa toda delas pra você! Eu não vou conviver com elas, se elas não vão sair daqui, saio eu!
Elis levantou-se e ele segurou-a pelo braço.
- Não, Elis, não vá.
- Me solta!
Mas Elis era uma idiota e se lançou nos braços dele chorando.
- Você não devia ter me deixado entrar aqui com essas flores... Por que você deixou?
- Elis, eu não poderia ter segurado você, eu queria você aqui também, mas compreenda!
- Não, não dá! Eu posso até tentar entender, mas compreender já é demais! Se fosse o contrário?Você não sabe como é estar se sentindo numa corda bamba enquanto você me diz que o chão é firme. Eu não posso viver assim...
Elis pegou sua bolsa, suas sacolas cheias de coisinhas pra enfeitar a ex casa nova, ignorou as tentativas dele de explicação e diálogo. Elis era impulsiva e era assim que ela agiria.
Antes de entrar no carro ela virou -se pra ele:
- Não volto pra essa casa nem pra sua vida enquanto essas malditas flores e esses vasos cafonas não estiverem no lugar deles: no lixo! Mas se você quiser ficar aí com elas, passar bem! Se você decidir assim, lembre-se de me mandar uma coroa de flores vivas porque eu morri pra você! Fique aí, devendo pra suas flores malditas! A escolha é sua! E eu não estou pressionando nada, só acho justo eu ter o direito de me manifestar sobre as suas flores mortas, pelo menos!
Ele não disse nada e antes que dissesse, Elis entrou no carro e saiu.
Flores murchas? Não na mesma casa que Elis!




segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A Primeira Lágrima

A constatação mais óbvia que poderia vir a tona agora era ela. Ela! Óbvia, concreta e de certa forma, violenta.
Porque ela me arrebentou em duas, em três, me deu três socos certeiros no estômago, dois tapas na cara e um balde de água fria.
Se eu quiser negar algo depois dela será mais inútil do que todas as vezes que eu tentei negar.
Ela veio pra deixar tudo isso ainda mais claro aos meus olhos...
Ela, a Primeira Lágrima.
O primeiro nó eu já conhecia. Ele foi amargo, doce, foi tudo ao mesmo tempo. Mais esse segundo nó trouxe consigo sua primogênita, a Primeira Lágrima, pra me dizer tudo aquilo que eu sabia, mas ainda teimava em esconder de mim mesma.
Mas ela não chega do nada. Antes dela vir, eu senti todas as borboletas que habitam meu estômago se chocarem umas contras as outras, violentamente. Aflitas, nervosas, inconformadas, afoitas, elas tentavam buscar ar, paz e qualquer outra coisa que desse a elas segurança.
Então um vulcão começou a dar sinais de erupção dentro de mim, minha saliva engrossou, as mãos secaram, e antes que qualquer outro sintoma, o vulcão explodiu.
E ela se lançou dos meus olhos, a primogênita, pra marcar a vinda das outras. A Primeira Lágrima se jogou dos meus olhos e escorreu pela minha face. Dali então veio a segunda, a terceira, todas doidas, passionais, suicidas.
Mas quando as lágrimas se jogam dos nossos olhos, quando elas se matam é pra mostrar que algo novo está nascendo. Algo mais puro, mais forte que eu imaginava.
Algo que é sensível e frágil, mas pode resistir a primeira decepção tão óbvia quanto as constatações que a Primeira Lágrima me trouxe.
De qualquer forma, agradeço a ela por ter se lançado pra me mostrar o mundo mais claro, por ter limpado meus olhos e ter me feito ver o que eu sinto como realmente é. Agora sim eu posso dizer com toda a certeza, tudo está mais claro e mais limpido.

Tudo ou nada

O coração de Elis batia mais descompassado do que ela imaginava. Fechava os olhos e mil flashbacks tomavam conta da sua mente. A água do chuveiro escorria pelos cabelos enquanto Elis respirava fundo e engolia um pouco daquela água com xampu. O gosto não era nada. Elis estava desesperada. Tudo havia fugido do seu controle. Tudo!
Elis estava perdidamente apaixonada.
A música que tocava no celular fazia com que Elis tivesse ainda mais certeza, e a insegurança que batia só confirmava tudo aquilo que ela estava sentindo.
Elis desligou o chuveiro e ficou por alguns segundos, em pé, parada, pensando.
Aquele sentimento crescia dia após dia dentro dela, quase como cresce uma criança na barriga de sua mãe. Elis sentia os sintomas daquele amor, sentia que eles se intensificavam com o passar das horas, e que eles a deixavam irritantemente sorridente.
Por vezes a melancolia batia, Elis tinha vontade de sair correndo e gritando. Depois desse apse ficava carente, procurava nas suas blusas de ontem o cheiro dele, procurava nas fotos o sorriso, nas mensagens uma resposta. E quando nada disso parecia surtir efeito nos sintomas, Elis ouvia as músicas que a faziam lembrar dele e tinha uma vontade quase incontrolável de pegar seu carro e ir atrás dele.
Por vezes, ela racionalizava, tentava ser comedida. Tentava acreditar no tempo e naquelas cafonices que as pessoas que racionalizam tudo acreditam. Mas Elis não era assim, bem que gostaria de ser mais racional, mas o coração ia na frente em tudo que ela fazia, e quer saber? Ela nunca se arrependeu de nada!
Elis saiu respingando do banho, trocou de roupa e nem secou direito os cabelos. Num impulso desceu os seis andares de escada que a separavam da garagem. Entrou no carro e saiu em direção a casa dele.
Com a música ligada no último e coração na boca. Acelerava tudo e freava em cima das lombadas, tomou umas cinco buzinadas até chegar na frente da casa dele. Agora era tudo ou nada. Elis estaria arriscando todas suas fichas nele. Ela diria nem que ele não sentisse o mesmo.
Chegou e parou o carro. Era domingo, ele estava na varanda e de longe a viu. Veio sorrindo. Ela estava pálida.
- Eu estava pensando em passar na sua casa hoje. Que bom que você veio antes.
Ele veio abraçá-la e ela recuou.
- O que foi Elis?
- Espera, eu preciso te dizer algo antes.
- O que foi?
Elis se aproximou dele, beijou-o com todo o sentimento que estava a sufocando. Parou, olhou bem nos olhos dele e disse.
- Eu te amo.
Sem que ele pudesse reagir ela entrou no carro e saiu correndo.
Pronto! Agora estava mais aliviada, bem mais.
Quanto a ele? Ele se recuperou da surpresa de Elis, colocou uma camiseta qualquer, pegou as flores que tinha encomendado pra ela e a seguiu. Ele também amava Elis.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Despertar

Eu sempre soube que havia algo diferente em você. Você não é como os outros, você é sensato e cordial, é gentil e carinhoso.
Mas não era só isso. Esses dias todos eu estava buscando entender o que havia em você que me chamava tanto pra perto.
Mas parece que algumas respostas em nossas vidas vem para deixar mais perguntas.
E foi olhando fixamente pra você, sem esperar nenhuma reação, que o véu caiu.
Eu achei que ele já tivesse caído com as palavras que dissemos e ouvimos um do outro, mas tinha algo mais profundo nessa história toda e eu sabia.
Depois que o véu caiu eu pude ver seus olhos mais claramente e tantas coisas que ele me remete, sem mesmo eu saber o que são essas coisas.
Esse seu rosto que eu já achava conhecido e querido, agora é mais vivo e presente do que nunca.
Eu sempre soube que isso iria acontecer comigo um dia. Eu sempre quis olhar pra uma pessoa e ter essa sensação que eu tive hoje, sentir esses depertar mágico de um vulcão adormecido dentro de mim.
Mas eu não imaginava como seria quando esse dia chegasse e nem como tudo isso pode se revelar e se esconder ao mesmo tempo de mim.
Eu fiquei estática, sem reação, enquanto sentia todas aquelas borboletas dentro de mim agitadas, mais agitadas do que nunca, como se fossem borboletas de fogo, dançando e louvando o vulcão recém despertado.
Eu quis dizer tanta coisa naquela hora, quis perguntar e saber, mas as palavras não saiam da minha boca. E mil imagens, mil palavras tomaram conta de mim. Extasiada, eu não sabia como reagir a nitidez e a força do seu olhar tão real e vivo.
E teus olhos pareciam clarear enquanto eu olhava perplexa pra você. Talvez eu esperasse uma resposta sua, mas você deve saber menos do que eu.
Talvez você jamais compreenda o que foram aqueles instantes que eu te olhei tão fixamente, como se quisesse ler o que ia na sua alma, como se quisesse descobrir o que fala no teu coração, no mais profundo do seu âmago.
Mas tudo bem, porque sinceramente, se eu não entendia o que havia entre nós, agora eu entendo menos ainda. Mesmo assim eu não quero procurar respostas, nem consultar uma cartomante pra saber o que significa tudo isso que eu senti.
Eu sei o que eu senti, eu senti tudo aquilo, floresceu, despertou, reacendeu e nasceu ao mesmo tempo.
E eu não me importo em não saber descrever em palavras tudo isso, desde que você permita que eu te olhe fixamente e teus olhos olhem só pra mim...

Graco

Seu nome era Graco. Dono de um rosto marcante e singelo. Dentro dos seus olhos azuis surgia um Sol que contornava a menina dos olhos, despontando um mistério e uma verdade.
Os seus cabelos eram louros e iluminados, os cachos bem emoldurados o faziam parecer celestial. Quando vestia branco era um anjo completo.
Os olhos bem redondos e vibrantes, mostrando uma vivacidade de um rapaz que sabia amar.
Quando ele andava pelas calçadas de Roma as meninas todas sorriam. Ele era um anjo que descera dos céus.
De família nobre e coração puro.
Graco. Era ele.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Primeiro nó

Eu tinha desligado o telefone contra minha própria vontade. Mas se eu escutasse sua voz de novo, eu teria dito coisas e eu não gosto de dizer nada pelo telefone.
Eu estava perturbada com todos esses pensamentos na minha cabeça. Eu fecho os olhos e vejo você. Eu ouço sua voz... Eu te procuro no meio da multidão mesmo sabendo que você não estará lá.
Você fala comigo e mil borboletas tomam conta do meu estômago e tiram meus pés do chão.
Eu precisava pontuar algumas coisas. Admitir outras coisas pra mim mesma. Quando eu cheguei lá e vi meus amigos, alguns deles sabiam o que estava escrito na minha cara e completavam a frase antes de mim. Mesmo assim eu tentava negar dentro de mim. Mas daí eu vi sua foto, e fui ouvir aquela música que me lembra você e que você nem gostou tanto dela assim.
Daí a saudade bateu grande, me derrubou e todas aquelas ideias começaram a ficar mais claras a medida que a melancolia sumia. Eu sentia meu coração apertar. Eu fecho os olhos e você está quase aqui. Mas você está longe, longe e eu não posso ver você sorrir, nem te abraçar pra te desejar boa sorte.
Você me faz perder o juízo das coisas. Eu não posso mais negar sua presença, ela é tão evidente.
E se eu vejo algo que eu não gosto, sinto ciúmes, quero você perto de mim, só de mim.
Então, a partir de agora algumas coisas ficam mais claras pra mim.
Porque tudo se esclarece quando surge o primeiro nó na garganta.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Você!

Não, eu não queria desligar o telefone. Eu descobri um dia antes que eu não gosto de dar tchau pra você. Descobri quando eu pensei que a gente não ia se ver no dia seguinte e nem depois, que eu teria que esperar mais um pouco, mais alguns dias pra te abraçar de novo. Mas e agora?
Quem é você e quem você pensa que é pra virar minha vida assim, de ponta cabeça?
Chega, bagunça tudo, me faz sentir um turbilhão de sentimentos ao mesmo tempo, me faz dizer coisas, me faz comer borboletas e rosnar.
É difícil negar a sua presença. Eu até tentei ser menos do que eu senti, tentei, juro, tentei não ficar tão perto de você, e não segurar sua mão, mas a tentativa durou menos de um minutos e quando eu me vi já tinha a cabeça encostada no seu ombro de novo.
Não dá, eu não consigo ser metade, eu não gosto, não posso.
Desculpa, eu to te culpando, mas na verdade não você não fez bagunça nenhuma. Só que eu achei que poderia negar você, mas não dá.
Negar por que? Por medo talvez, receio. Mas essas coisinhas só aparecem quando eu racionalizo, e você faz toda minha razão perder o sentido quando você me olha.
Hoje eu quis ver você, quis ir até aí, de alguma forma, de qualquer jeito. Hoje eu tive um milhão de sentimentos. Eu quis você perto, muito perto, eu tive medo de você não existir, tive medo de não ser nada disso, fiquei insegura, tive ciúme, quis te bater por pensar que algum dia você estava com alguém que não era eu, tive vontade de ficar do seu lado pra ver você dormir, quis te abraçar só pra saber que é você.
E quando eu te fiz aquela pergunta e você disse "VOCÊ", foi o VOCÊ mais sonoro que eu já ouvi na minha vida. Um VOCÊ que eu queria muito ouvir. Eu senti um milhão de borboletas tomarem conta do meu estômago e percebi que eu não tinha controle algum sobre as batidas do meu coração.
Você consegue transformar, você e esse seu jeito feliz com você mesmo, seu bom humor e esse seu sorriso, que me faz sorrir também.
Esse meu jeito de falar as coisas na lata e ficar com vergonha feito uma menininha é só mais uma maneira meio torta e espontânea de demonstrar que você é importante.
E é fazendo o que eu mais gosto e talvez o que eu saiba fazer de melhor, que eu tento demonstrar mais um pouco do que você já significa. Você quebrou as barreiras de insegurança que eu tinha construído com o seu sorriso doce e o seu jeito único.
E que o destino se encarregue do resto assim como ele se encarregou de trazer você pra perto de mim...

Termômetro

O ciúme é o termômetro das relações. Fato consumado!
E por meio dele que passamos a perceber algumas coisas e nos permitimos aceitar outras.
Porque você não procura o ciuúmes, ele acontece. E acontece quando você menos imagina.
As vezes você tenta mentir pra você mesma, tenta negar, tenta esquivar aqueles pensamentos. Faz de conta que não é com você. Mas não consegue mais negar todas essas coisas quando percebe que está com ciúme.
Ele é uma sensação, como um bichinho que dá seu primeiro sinal comendo seu estômago. Você sente aquele friozinho desagradável no estômago. Você tenta ignorar, mas o ciúme vai comendo ainda mais. O sangue esquenta e você sente vontade esquisita de extravasar aquela sensação incomoda. Se você já tivesse assumido o ciúme na sua vida, certamente você gritaria, jogaria o celular na parede, daria um murro em algum lugar. Mas quando você ainda não assumiu o ciúme, você precisa extravasar da maneira que der...
E quando você sente que precisa extravasar... Epa, aí já era!
É ele que chegou pra te fazer pensar naquelas coisas que você estava tentando negar...
É ele que vai ser o seu termômetro de envolvimento...
É ele que chegou pra te mostrar que sim, ele é o ciúme que você sente, e se sente ciúme, sente de alguém... E esse alguém já tem uma importância maior, posto que te faz sentir...ciúmes.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Aqui

Eu teria me arrumado melhor. Teria ao menos lavado o cabelo naquele dia. Teria colocado a minha mehor roupa, a minha saia mais bonita! Me vestiria de noiva se eu soubesse que seria tão especial...
Mas eu não sabia e foi por isso que foi assim...
Quando a gente está livre de conceitos, solta e leve é quando coisas boas acontecem.
Quando você não está procurando é que você encontra.
Como a gente pode mal ver e já olhar pra uma pessoa assim?
As vezes parece que ela não existe, muita coincidência.
Não, não é coincidência. O destino tem suas artes e promove os seus encontros. E esse nosso já tinha data pra acontecer.
Hoje, quando eu acordei as 6:36 da manhã eu pensei em você, e levei um susto quando você me disse ter acordado no mesmo horário, sem querer.
Eu me pergunto, como assim? Mas a resposta é nítida e mística, ela se vela e se revela a cada vez que eu ouço sua voz, que eu penso em você. E a cada dia da semana você se mostra mais vivo e mais nítido. Como se quisesse se materializar pra mim...
Essa vontade natural de querer ver, de falar, de acordar... ou simplesmente dormir.
Deixar os receios de lado, acreditar e confiar que se as coisas acontecem é porque existe algum motivo, e não teríamos deixado de fazer tantas coisas pra ir no mesmo lugar, por acaso. A ideia que vem é o verbo que diz: viver.
Viver e não se preocupar com nomes, rótulos, convenções.
Afinal, já que estamos aqui...

Cinderella do século XXI

Ela é a irmã mais velha. Nunca precisou fazer nada em casa. Mas quando o coração falou, foi seguir seus sonhos.
A madrasta da história é a mais boazinha, as irmãs nem tem dois anos. Tem um padrasto doce também. Uma mãe pra lá de amável, um irmão lindo e o pai zeloso.
Na história dela não há vilão, apenas desafios.
Mas há alguns elementos que não fogem tanto assim da história original.
A faxina! Ora, a faxina? Sim, a faxina! Quando se mudou para a cidade grande, a querida e amável Jacira ficara no interior. Alguém teria que limpar a casa. Que saco! Mas não adiantaria reclamar... Era melhor gostar! Então ela descobriu que brincar de casinha poderia ser muito divertido! E a faxina virou uma parte divertida do dia, acredite!
Com todo zelo de uma Gata Borralheira digna das histórias, ela cuidava da sala, do quarto, da cozinha e do banheiro.
A diferença mais marcante é que lá os passarinhos não cantarolavam pra ela e os ratos na cidade grande não são fofinhos e amigos. Ah, e ela não gosta de cozinhar!
É nesse contexto embaraço, na loucura da cidade, na saudade do interior que surge a nossa Cinderella do século XXI!
Voilà!
Ok, mas está faltando o romance, não?
Sim... Mas a nossa Cinderella já estava bem cansada disso! Desiludida com o último sapo disfarçado que cruzou o seu caminho, ela decidiu se juntar aos poetas, músicos e jornalistas na vida boêmia que a solteirice e a universidade poderiam lhe oferecer! E tudo aquilo lhe parecia cair como uma luva... Mas Cinderella moderna ainda não estava satisfeita, porque , afinal de contas, o que é uma Cinderella sem um sapatinho de cristal?
Mas sapatinho de cristal do tamanho 38 é bem pouco delicado...
Eis que num convite qualquer para um encontro de amigos, Cinderella vê sua história mudar.
Ela não havia criado nenhuma expectativa, porque já estava farta de si mesma e suas expectativas frustradas!
Muito sociável, Cinderella conversou a noite toda com um rapaz com o pézinho na Realeza. Pézinho? Não, ele devia ser um príncipe, mesmo!
Nãoo, Cinderella, esses príncipes do século XXI são todos uns sapos!
Mas, atrás de um copo de Big Apple podem se esconder muitas surpresas.
Não precisou muito, foi só ele lhe oferecer um copo d'água.
Já era, Cinderella! Não adianta negar!
Mas como uma boa Cinderella, ela se foi . E nessa história, ela se foi antes do meio-dia.
E agora? Ela não tinha nem o telefone dele! Será que as redes sociais poderiam ajuda-la? Talvez.
Mas a surpresa veio quando o celular tocou e do outro lado da linha ele disse " Você conhece uma blusa preta e uma escova azul?". Pronto! Era o que bastava! Bingo do destino!
Não era exatamente um sapatinho de cristal, ela não é exatamente Cinderella e ele também não é exatamente um príncipe. Mas ele não vai sair cidade afora experimentando a blusa em todas as moças, nem caçando a dona dos fios de cabelo da escova azul.
Porque com as facilidades da vida moderna, a probabilidade da história dessa Cinderella do século XXI recuperar sua blusa e sua escova, reencontrar o príncipe e ter um final feliz, é, consideravelmente maior do que a dos Contos de Fadas.