segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Tudo ou nada

O coração de Elis batia mais descompassado do que ela imaginava. Fechava os olhos e mil flashbacks tomavam conta da sua mente. A água do chuveiro escorria pelos cabelos enquanto Elis respirava fundo e engolia um pouco daquela água com xampu. O gosto não era nada. Elis estava desesperada. Tudo havia fugido do seu controle. Tudo!
Elis estava perdidamente apaixonada.
A música que tocava no celular fazia com que Elis tivesse ainda mais certeza, e a insegurança que batia só confirmava tudo aquilo que ela estava sentindo.
Elis desligou o chuveiro e ficou por alguns segundos, em pé, parada, pensando.
Aquele sentimento crescia dia após dia dentro dela, quase como cresce uma criança na barriga de sua mãe. Elis sentia os sintomas daquele amor, sentia que eles se intensificavam com o passar das horas, e que eles a deixavam irritantemente sorridente.
Por vezes a melancolia batia, Elis tinha vontade de sair correndo e gritando. Depois desse apse ficava carente, procurava nas suas blusas de ontem o cheiro dele, procurava nas fotos o sorriso, nas mensagens uma resposta. E quando nada disso parecia surtir efeito nos sintomas, Elis ouvia as músicas que a faziam lembrar dele e tinha uma vontade quase incontrolável de pegar seu carro e ir atrás dele.
Por vezes, ela racionalizava, tentava ser comedida. Tentava acreditar no tempo e naquelas cafonices que as pessoas que racionalizam tudo acreditam. Mas Elis não era assim, bem que gostaria de ser mais racional, mas o coração ia na frente em tudo que ela fazia, e quer saber? Ela nunca se arrependeu de nada!
Elis saiu respingando do banho, trocou de roupa e nem secou direito os cabelos. Num impulso desceu os seis andares de escada que a separavam da garagem. Entrou no carro e saiu em direção a casa dele.
Com a música ligada no último e coração na boca. Acelerava tudo e freava em cima das lombadas, tomou umas cinco buzinadas até chegar na frente da casa dele. Agora era tudo ou nada. Elis estaria arriscando todas suas fichas nele. Ela diria nem que ele não sentisse o mesmo.
Chegou e parou o carro. Era domingo, ele estava na varanda e de longe a viu. Veio sorrindo. Ela estava pálida.
- Eu estava pensando em passar na sua casa hoje. Que bom que você veio antes.
Ele veio abraçá-la e ela recuou.
- O que foi Elis?
- Espera, eu preciso te dizer algo antes.
- O que foi?
Elis se aproximou dele, beijou-o com todo o sentimento que estava a sufocando. Parou, olhou bem nos olhos dele e disse.
- Eu te amo.
Sem que ele pudesse reagir ela entrou no carro e saiu correndo.
Pronto! Agora estava mais aliviada, bem mais.
Quanto a ele? Ele se recuperou da surpresa de Elis, colocou uma camiseta qualquer, pegou as flores que tinha encomendado pra ela e a seguiu. Ele também amava Elis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário