segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A Primeira Lágrima

A constatação mais óbvia que poderia vir a tona agora era ela. Ela! Óbvia, concreta e de certa forma, violenta.
Porque ela me arrebentou em duas, em três, me deu três socos certeiros no estômago, dois tapas na cara e um balde de água fria.
Se eu quiser negar algo depois dela será mais inútil do que todas as vezes que eu tentei negar.
Ela veio pra deixar tudo isso ainda mais claro aos meus olhos...
Ela, a Primeira Lágrima.
O primeiro nó eu já conhecia. Ele foi amargo, doce, foi tudo ao mesmo tempo. Mais esse segundo nó trouxe consigo sua primogênita, a Primeira Lágrima, pra me dizer tudo aquilo que eu sabia, mas ainda teimava em esconder de mim mesma.
Mas ela não chega do nada. Antes dela vir, eu senti todas as borboletas que habitam meu estômago se chocarem umas contras as outras, violentamente. Aflitas, nervosas, inconformadas, afoitas, elas tentavam buscar ar, paz e qualquer outra coisa que desse a elas segurança.
Então um vulcão começou a dar sinais de erupção dentro de mim, minha saliva engrossou, as mãos secaram, e antes que qualquer outro sintoma, o vulcão explodiu.
E ela se lançou dos meus olhos, a primogênita, pra marcar a vinda das outras. A Primeira Lágrima se jogou dos meus olhos e escorreu pela minha face. Dali então veio a segunda, a terceira, todas doidas, passionais, suicidas.
Mas quando as lágrimas se jogam dos nossos olhos, quando elas se matam é pra mostrar que algo novo está nascendo. Algo mais puro, mais forte que eu imaginava.
Algo que é sensível e frágil, mas pode resistir a primeira decepção tão óbvia quanto as constatações que a Primeira Lágrima me trouxe.
De qualquer forma, agradeço a ela por ter se lançado pra me mostrar o mundo mais claro, por ter limpado meus olhos e ter me feito ver o que eu sinto como realmente é. Agora sim eu posso dizer com toda a certeza, tudo está mais claro e mais limpido.

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