terça-feira, 9 de outubro de 2012

Pobre menino bobo

Pobre menino bobo. Do teu coração cheio de crateras do descaso, buracos feitos pela indiferença do teu sentimento puro. Não te compreendem, não te enxergam, maltratam-no nas fibras amorosas desse músculo com ritmo, que já bate descompassado, combalido por mais uma vez se encontrar triste e choroso.
E sozinho você pensa, " de novo não", enquanto as mesmas lágrimas tornam a escorrer pelo mesmo rosto, pelo mesmo motivo. Essas lágrimas que já molharam seu travesseiro, que se fundiram com a água do chuveiro, que caíram outro dia sem querer, as mesmas malditas lágrimas.
Pobre menino bobo, que não vê uma saída, que não vê uma mentira, que não quer ver a verdade. Continua a se aninhar naquele colo vazio de amor, vazio de carinho, vazio de compaixão. Um colo que não lhe quer tanto, quanto você o quer. E você retorna, como uma criança indefesa, suplicando calma, coração, mas que coração é esse que não quer bater no mesmo ritmo do seu? Que coração é esse que só vê a própria dor? Mas que dor é essa que não é a sua? E você se põe triste novamente.
Pobre menino bobo, tantas vezes eu quis alertá-lo. Eu vi um dia a pureza do seu olhar, mas nesse mundo, menino bobo, é difícil a gente ser puro. Quando a gente se mostra de alma e coração, é logo incompreendido, ultrajado, tem os sentimentos levados como um brinquedo, leva logo um soco na boca do estômago, fica com nó na garganta e andando num zig-zag sem fim, sem encontrar o caminho de casa.
Pobre menino bobo, que ainda mendiga os farelos dessa tragédia anunciada. Que ainda busca água no deserto, que ainda busca amor no egoísmo.
E vais andar mil milhas, podes até reencontrar carinho, mas esse carinho limitado que te faz sangrar por dentro e querer sumir da vida e do mundo. E vire e mexe, será sempre a mesma história. Você aí, com o coração maltratado sem ninguém para lhe fazer um cafuné...
Já tive muita pena de ti,  pobre menino bobo, mas o que eu posso fazer?
Eu já quis lhe mostrar você pode ser apenas um menino se quiser, mas você insiste em ser um pobre menino bobo...
Ah, pobre menino bobo...

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