quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Viva... tão viva...

" Depois de chegar daquela festa com toda aquela gente fútil e pequena, aquela nobreza de sanguessugas, tudo o que eu vejo é seu rosto. Mesmo eu tendo todos os motivos do mundo pra querer morrer, eu me sinto viva perto de você. Sinto meus poros abertos, sinto o ar entrando de verdade pelos meus pulmões, não é como se eu respirasse automaticamente. Sinto o chão sob os meus pés, eu vejo as cores mais vivas, eu sinto os sabores mais intensos.
Eu presto tanta atenção em você, como se tudo a sua volta ficasse preto e branco, e você estivesse em alto relevo pra mim. Quando você fala, suas palavras são o único som que eu consigo ouvir, e você fala tão bem, sua linguagem é tão harmônica, as palavras saem da sua boca, é quase como se você estivesse cantando.
Os meus olhos ficam vidrados, assistindo a você, como se você fosse uma peça, uma ópera, um espetáculo. O jeito como você fala, sobre qualquer coisa, você é tão dono de si, tão cheio de propriedade, você sabe do que tá falando e isso não é motivo pra você sair se gabando, você é tão natural.
Você é natural, natural e simples.
Sua simplicidade me encanta. O seu jeito tão seu de se mover, de andar, se resolver as coisas.
Os seus olhos são o maior mistério que eu poderia encontrar e ter desejo em decifrar. Eles me olham de um jeito, é como se eles invadissem minha alma e eu não tivesse mais defesas. Só do jeito que você me olha você já sabe tudo o que se passa no meu coração, nos meus pensamentos. Não posso esconder nada dos seus olhos, eles já sabem de tudo.
Eu posso falar de tudo com você, eu posso ser eu mesma, não preciso esconder nada, nem usar nenhum tipo de máscara. Você pode me ver sem maquiagem, você pode.
Eu não preciso de todas aquelas roupas, de todas aquelas jóias, de todos aqueles modos. Eu posso sorrir um sorriso largo e feliz quando estou perto de você. Eu posso gargalhar perto de você.
Eu não preciso mentir pra mim. Você me abriu as portas de mim mesma. Nem parece que estamos no século XIX e que tenho um casamento arranjado me esperando.
Você desperta minhas mais profundas inspirações, eu tenho vontade de escrever um livro...
Você, seu jeito, seus trejeitos me inspiram, e despertam em mim o que eu tenho de melhor. Essa vontade louca de viver, de sair por aí descobrindo, viajando, vendo tudo e todos, sentindo o cheiro das cidades do mundo, os sabores que elas tem a oferecer...
Eu me sinto viva perto de você...Tão viva..."
E antes que Claire terminasse de escrever, sua irmã bateu na porta. Mais que depressa ela arrancou a folha de papel do diário e rasgou...
Ninguém precisa saber que ela se sentia viva perto dele...

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