quinta-feira, 5 de maio de 2011

Labirintos confusos de si mesma

- Você só sabe reclamar!
E bateu a porta na cara dela.
Mais uma vez estava sozinha e sentiu-se triste. Não era esse tipo de reação que ela procurava nele. Não precisava de suas críticas, de sua falta de sensibilidade, de seu descaso e de portas na cara.
Precisava de alguma coisa que ele não quis dar e era tão pouco o que ela precisava. Não era amor, não era nada. Era só um bom ouvinte, alguém que pudesse compreendê-la ou tentasse ao menos.
Não podia procurar ajuda nele. Tinha que encontrar equilíbrio dentro de si mesma. Muito embora ele parecesse muito amigo, mas naquele momento não se dignou a ouví-la. Fechou a porta e foi embora.
E ela tinha que se virar com seus pedaços dentro dela mesma.
Mas como buscar ajuda dentro de si, equilíbrio e serenidade quando os próprios sentimentos e os planos se misturam e não saem do lugar, quando as emoções se confundem, quando passado quer se fazer presente e no presente você se coloca uma mordaça e finge que está tudo bem. Como se equilibrar na corda bamba quando o que vem a frente parece nebuloso e não dá coragem de andar.
Como querer ir embora sem saber pra onde ir, sem ter um lugar que se possa chamar de seu?
Viver fazendo de conta que nada aconteceu, que o coração nunca foi maltratado, que ninguém nunca existiu, apagando vestígios de si mesma pelos caminhos. Quanto tempo mais lhe restaria para sobreviver a sua vida? Tudo nela parecia tão mal resolvido, poderia ser feliz um dia? Poderia ter um amor e serenidade? Isso seria possível. Diante de tudo aquilo parecia mais uma ilusão que afundaria num copo de vodca e viraria utopia.
O mundo ficou apertado, quase não pode respirar. Correu e pegou o seu caderno. Um de muitos que ela guardava debaixo do colchão.
Pegou sua velha caneta Mont Blanc e começou a escrever.
Algumas lágrimas manchavam as páginas, mas aos poucos iam cessando.
As palavras e a escrita eram suas melhores companhias.

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