sexta-feira, 13 de maio de 2011

Tatuagem

Os rostos de todos os outros perderam as linhas, as cores e o sentido.
O seu rosto continua vivo, com todos os detalhes, com o seu sorriso tão singular e todas as músicas que ele traz.
Quando me vejo no meio desse lixo todo, dessa vida vazia e sem amor eu me lembro do seu sorriso. Você se foi, eu me fui, aquela aliança nem existe mais. Eu joguei tudo fora. Mas você fica. Você permanece. Como uma rosa que brota no meio do deserto, uma criança que sobrevive a um terremoto devastador. É maior que a minha vontade de te esquecer.
E eu sigo todos os meus dias com a sensação que eu posso me apaixonar trezentas vezes, posso me casar umas quatro vezes e nunca será como foi com você.
Você é a minha tatuagem mais profunda. Desde aquele dia frio, parece que eu sabia que estava fadada e levar você comigo o resto da minha vida.
Mesmo com todos os nosso erros, com toda a bagunça que a gente deixou por aí, com toda a decepção que houve, havia alguma coisa maior ali e naquele tempo eu podia jurar que iria me casar com você, ter duas filhas e passar os restos dos meus dias ao seu lado.
Sim, eu tinha a mais absoluta certeza disso.
E ela se desintegrou, assim como a prata daquele colar escureceu e as páginas do Neruda passaram a cheirar mofo.
E nesses dias mais difíceis, onde as pessoas são duras e não existe amor, eu ouço aquelas velhas músicas, me transporto para um tempo onde elas tocavam e nós estavamos caminhando juntos, olhando na mesma direção, com os corações batendo no mesmo ritmo.
Posso até perder a memória, mas eu nunca vou esquecer de você.

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