quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A certeza do instante

Pensamos, nos olhamos e concluímos juntos que é melhor mesmo abraçar forte, mesmo que amanhã já não haja abraço.
Que é melhor sentir o cheiro doce, mesmo que amanhã o perfume se dissipe.
Que é melhor molhar os lábios juntos mesmo que amanhã eles estejam secos.
Que é melhor sorrirmos juntos mesmo que amanhã possamos sentir um pouco de dor.
Que é melhor dormir abraçado mesmo que amanhã a cama se faça vazia.
Que é melhor você me contar da sua vida e eu da minha, mesmo que amanhã tenhamos histórias para contar mas não tenhamos um ao outro.
Que é melhor estarmos juntos por instantes e guardarmos conosco as lembranças desses mágicos instantes, do que colecionarmos velhos momentos que só acumulam pó e saudades sem resolução.
Porque não podemos ignorar um ao outro, nem a onda de sorrisos, cumplicidade, sintonia e porque não dizer amor, que nos afeta todas as vezes que estamos juntos.
Mergulhemos! Deixemos a onda nos arrebatar, ainda que seja por instantes. Eu ainda ouso contrariar Oswaldo Montenegro, porque ele diz que "um instante é muito pouco pra sonhar". Não! Um instante é todo o tempo que temos para sonharmos, para voarmos por onde quisermos, para sermos felizes, ainda que seja por um instante. Pequeno e precioso instante.
O tempo nunca nos foi favorável e sempre o lamentamos. Mas hoje, com um pouco mais de vida, de tempo de vida, percebemos que não podemos desperdiçar instantes caros, pensando no sofrimento, no que pode vir depois.
Dissemos " temos hora para partir". Mas quem é que não tem?
Desses amores Doriana pelo mundão, qual deles tem a certeza de durar para sempre?
Não são todos, assim como nós, presos aos seus próprios instantes? Será que eles sabem quanto tempo mais terão juntos? Quem sabe do amanhã que a vida tem pra si? Num instante tudo pode mudar, então que certezas são essas?
Não seria a vida uma coleção de bons e maus instantes? Não seria a felicidade um amontoado de instantes queridos, calorosos e saborosos?
É claro que nós temos um futuro mais certo, dizemos. Será?
Não sei se acredito que tudo pode mudar, mas porque nos condenarmos por um crime que nunca cometemos? O que fizemos de errado?
Gostar, amar, querer. Esse é nosso crime.
Então, passemos juntos as noites na prisão do instante, entre risos e abraços apertados, observando as sombras da parede, deixando que o tempo passe lá fora, que as certezas flutuem no espaço longe de nós, porque nossa certeza é a certeza do instante.
E que por um breve momento, ela dure para sempre.

"Ainda é cedo, amor..." (Cartola)

Nenhum comentário:

Postar um comentário