segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Falta dela...

Olhava as gotas de suor do copo, descendo vagarosamente pelo vidro e me lembrei das lágrimas dela.
Vou sentir falta dela. É, eu sei que vou sentir falta dela...
Daquele riso farto, daqueles olhos verdes e imensos, com cílios longos que faziam cócegas nas minhas bochechas e que levantavam-se enquanto ela falava, ou abaixavam-se enquanto ela respirava fundo.
Vou sentir falta da sinceridade dela. Daquele jeito escrachado e único de dizer " eu gosto de você, mas não vou fazer nada pra segurar você aqui..." Aquela sinceridade em tudo, no sorrir, no andar, no silenciar o mundo para dizer, é amor.
Vou sentir falta do cheiro dela, da boca macia que ela tem. Da língua quente, do beijo molhado. Beijo esse que me invade, me devora por dentro e eu quero devorá-la.
Vou sentir falta dos cabelos dela no meu ombro, macios, cheirando a shampoo de flores, brilhantes, me cobrindo como uma colcha de ouro em linho, suaves e amantes.
Vou sentir falta da pele branca dela, clara como porcelana. Envolta em lençóis de seda pura, tão claro como ela, macia como algodão. Clarinho e branquinho. Igual a ela...
Vou sentir falta da voz dela, macia e sinuosa, me falando da beleza do mundo, de Deus, do invisível, de amor. Quanta beleza há naquele jeito de ver o mundo, a vida, o destino, nós dois.
Vou sentir falta do jeito dela abraçar e mais que isso, do jeito que ela me abraça, com verdade, com amor e com paz. Porque ela me traz paz e me traz um vulcão consigo, mas sei que abre mão de própria paz só para me ver em paz.
E daquele amor, que emana pelos poros dela, aquele amor que a cobre como um manto sagrado, uma santa aureolada pela beleza de seus sentimentos, pela sua capacidade de me amar. Quanta devoção naquele sorriso, Meu Deus!
Que fiz eu, nessa minha vida de andante, para receber esse amor iluminado?
Amor esse que me guia, que me aquece, e que quando nada faz sentido, de longe, me conforta.
Porque ela me ama. E por incrível que pareça, por mais que eu não acorde envolto desse amor como gostaria, sinto que ele me desperta. Abre meus olhos, beija meus cabelos, acende as velas para meus santos, reza e vela por mim.
De longe, o amor dela me alcança, como chuva boa. Vem nutrir meu coração seco de saudade. Traz o verde dos olhos dela para meu deserto e se lança contente as chamas de nós dois, para se salvar e me amar.
Vou sentir falta do sorriso dela. Do silêncio dela. Que cala frente a dor, porque a dor é muda no silêncio do choro. Segurei as mãos dela, quis reter seu corpo no meu, junto assim, porque nada podia nos desenlaçar, laço mágico do destino que nos uniu um dia.
E porque eu andasse pensativo nela, vendo as lágrimas do copo, percebendo as que se formavam em mim, uma cigana se aproximou. Deslizou o dedo fino sob as gotas de suor e lágrimas dele. Viu as lágrimas na minha garganta e disse.
- Sagrados desígnios do coração, que une para sempre aqueles que mesmo longe, jamais poderão se separar.
E eu pensei aflito e desolado, em meio a essa minha vida corrida de sons e felicidade, Deus, ah meu Deus, como sinto a falta dela!

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