segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Sobre príncipes e princesas - Coisas que eu escrevi para Alice e Giovana


Estávamos eu, Alice e Giovana, num raro momento onde minhas duas irmãs, que por sua vez, não são irmãs (não biologicamente, talvez espiritualmente, mas isso é papo pra outro dia), brincando com miniaturas das princesas da Disney.
Enquanto encenávamos festas em que Aurora, Bela e Branca de Neve iriam, num dado momento, Giovana,que já tem três anos e dava vida à princesa Aurora, disse para Alice, que tem seus dois anos e dava vida á Branca de Neve.
- Vamos, amiga, vamos lá embaixo esperar o príncipe!
Como se numa festa onde as princesas estivessem no salão principal, desceram a escada imaginária para encontrar o príncipe. Nós não tínhamos miniaturas dos respectivos príncipes para brincar, então colocamos o faz-de-conta em ação.
Enquanto observava meus pequenos tesouros brincando inocentemente, ao mesmo tempo, culpava e maldizia o maldito Walt Disney, porque já deixei registrado aqui nesse blog, minha revolta pelo fato dele ter glamurizado e purpurinando as relações príncipe-princesa. Sabemos que não foi ele quem inventou os contos de fadas, mas ele tem uma certa culpa no cartório em nos iludir com seus romances, isso ele tem.
Pois bem. Pensei que as minhas meninas vão crescer e ali, naquelas cabecinhas encaracoladas e semi-lisas, já está incutida a ideia de que somos princesas e temos um príncipe.
Eu podia ser radical e acabar com a infância delas, dizendo que príncipes não existem e assim eu estaria poupando futuros sofrimentos quando elas derem com a cara na parede com a sua primeira decepção amorosa.
Mas adiantaria frustrar uma infância? Eu cresci tão feliz acreditando em príncipes e princesas... Não é justo com elas.
E também, não é bem assim...
Existe uma série de coisas que eu gostaria de dizer à vocês, minhas meninas.
E muito embora meu coração, nesse momento, insista em doer quando penso num particular príncipe (des)encantando, eu direi à vocês: acreditem, príncipes existem.
Existem sim.
Não do jeito que a gente imagina, não do jeito que a gente quer. E digo mais, eles não são príncipes 100% da vida e do tempo. Porque nem nós somos princesas 100%, certo?
Mas num dado momento da vida, numa fração de segundo, quando o olhar dele cruza com o da gente, todos os músculos da face, do corpo, tremem, enquanto a gente tenta disfarçar mas não consegue parar de sorrir, quando o coração acelera tanto, bate forte que parece que vai sair pela boca, as mãos se agitam inquietas e o mundo todo fica mais brilhante enquanto as cores dele se exaltam, berrantes e sinceras, então, por um instante, ele era um príncipe.
É claro que depois ele pode virar um ogro, uma fera ou um bambi, nunca se sabe. Mas a forma como encaramos as pessoas é que diz respeito do que elas são pra nós. Num instante mágico, tudo pode ser. Como num passe de mágica, eu era princesa e ele, meu príncipe.
Príncipe não é aquele cara que vai fazer tudo o que vocês quiserem, lamber o chão que vocês passarem, que vai se negar pro mundo e se mutilar emocionalmente se vocês não quiserem ficar com ele. O nome disso é otário, ou maluco. Independente do nome, fujam desse tipo, é só dor de cabeça.
Príncipe também não é aquele cara que conquistas meia dúzia de princesas otárias e outra dúzias de bruxas disfarçadas. O nome disso é cafajeste, de qualquer forma, fujam também.
O que eu queria que vocês entendessem, minhas amadas meninas, é que o amor não é exatamente como a gente acha que é. A gente não escolhe o príncipe que vai gostar, se pudesse escolher, seria maravilhoso.
Queria lhes dizer também, que não adianta a gente se fechar numa torre, ainda que sentimental, esperando pelo príncipe ideal. Ninguém é igual a ninguém. Todos somos humanos, únicos, erramos, acertamos todos os dias. Por que esperar a perfeição? Quando a gente ama vê até graça nos defeitos.
E também, não adianta esperar que eles façam tudo, porque a gente também tem que enfrentar os dragões da vida se quiser ficar com uma pessoa de verdade e não vai ser esperando sentadas que vamos conseguir.
Eu queria dizer tanta coisa a vocês, mas eu ainda tenho muito o que aprender.
E quando o príncipe for embora, quando ele se mostrar um ogro horrível, quando a última pétala da rosa cair, quero que vocês saibam que eu estarei aqui para lhes dizer que vocês são e sempre serão minhas princesas!






Um comentário:

  1. Gabi você é mesmo um doce, rsrs.
    Deixa lá as pequeninas com suas fantasias de contos fadas, e as GIGANTES mulheres (eternas princesas) precisam mesmo de uns conselhos, afinal esse conto por vezes muda uma vogal (f---da).
    Adorei a maneira descontraída que você escreveu...como sempre arrasou!!

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