quinta-feira, 28 de março de 2013

Sobre enroladores, metades e a caretice saudável


"Você precisa ter calma", "Você precisa ser paciente", "Você vai assustar o moço assim!".
Qual de nós nunca ouviu essa frase quando está em vias de começar um relacionamento que atire o primeiro bojo!
São conselhos de toda ordem que nos vem de todos os lados para que sejamos o mais "moças", "damas" e polidas possível. Conselhos sempre de quem nos quer bem, certo? Outros nem tanto. Mas eles vem até do motorista do ônibus, que pede que você vá com calma, coisa e tal.
Ok, Brasil. Mas vamos desmistificar um pouco isso?
Porque existe uma sutil diferença entre ter pressa de tudo e querer entender a relação na qual se investe. Sim, e digo investimento porque investimos tempo, dedicação, roupas, salão de beleza e paciência. E haja paciência!
 Eu sei que vai parecer título daqueles manuais prontos sobre "mulheres poderosas conseguem tudo o que querem", mas eu preciso dizer uma coisa: Homens, mulheres inteligentes sabem quando estão sendo enroladas.
 Porque um homem quando enrola uma mulher dá todos os sinais possíveis e imagináveis de que está fazendo isso. A começar pelas desculpas esfarrapadas justificando a ausência dele. Quando ele está te enrolando, minha amiga, até a arrancar o carrapato do cachorro vira mais urgente do que você. E naquela abundância toda, ele vira pobre em um instante. Não tenho dinheiro nem pro passe do busão. E seja compreensiva, porque ele está com saudades, claro, mas nada urgente, a gente pode esperar não é mesmo? Temos a vida toda pra esperar o paspalhão decidir se vai ficar com a gente ou com as outras 350 nega que ele enrola consecutivamente. O advento das redes sociais não nega quando estamos sendo enroladas, caras amigas! Só não vê quem não quer...
E o que mais me indigna é aquela maldita frase que o enrolador usa "Nós estamos nos conhecendo!".
Frase essa muito capciosa. Porque realmente, quando estamos começando a investir num relacionamento, as vezes vamos com mais calma, especialmente se já fomos tragicomicamente traumatizados por experiências pretéritas, sim? Então vamos devagar, caminhando, cantando e seguindo a canção.
Mas nesse meio tempo, você, mulher esperta e altiva, percebe se realmente, o interesse é conhecer melhor, ou simplesmente te colocar no banco de reservas e quando a boa vontade do ser em questão surgir, ele te chama pro ataque.
Francamente, muito me espanta (e não sei porque me espanto, né) que os marmanjos de hoje em dia ainda se utilizem dessa prática e que certas mulheres desavisadas ainda caiam nesse conto pra lá de manjado!
O pior de tudo é você perceber que está sendo enrolada e se permitir ser enrolada por mais tempo. Se lhe convém a enrolação, minha amiga, vá em frente e seja feliz. Mas nunca espere de um enrolador mais do que desculpas esfarrapadas, vontades mínimas e desejos efêmeros. Acende e apaga assim como fósforo. Chama fraca e nada duradoura.
Eu sou dessas ditas "caretonas" que se percebe que está sendo enrolada, pula fora. E acho uma caretice muito salutar pra minha saúde emocional. A gente sabe onde o calo aperta e não quero correr o risco de passar anos da minha vida, assim como a gente vê frequentemente, num barquinho que não sai do lugar. A não ser que eu esteja de comum acordo com a enrolação, não sou do tipo que começa um relacionamento pra não dar em nada. E também não tô falando que tô procurando um marido ou um pai pros meus filhos. Há um grande equívoco em pensar isso de nós que não apreciamos o status de relacionamento "enrolado". A questão é que prefiro gastar energia com outras coisas. A gente fica atrelada, com o coração meio preso, meio solto, com meia vontade disso ou daquilo. Tudo muito morno, nada muito concreto. De metades já me bastam aquelas do pãozinho que a nutricionista mandou comer de manhã. Meio pãozinho eu aceito, meio amor? Não, muito obrigada.
E como eu disse pra uma amiga sobre um enrolador "você é gato, mas eu não sou novelo".

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