terça-feira, 12 de abril de 2011

Tilintar de dedos

Os raios do sol faziam-na andar com os olhos apertadinhos. Quase não enxergava direito. Mas quando o viu, quis fechar os olhos por completo. Não queria vê-lo e assim o fez por alguns segundos. Mas existia um magnetismo a mais nessa história e ela virou a cabeça para vê-lo e ele a viu.
Aquele tilintar de dedos num "olá" que se despede foi tão frio e distante. Os lábios dele apertados, numa expressão de pesar de quem tem o coração apertado também. Saiba que aquilo doeu nela também.
E assim seriam os dias deles. Com tilintar de dedos, sem nada mais que pudesse lhes aquecer as mãos frias nesse inverno.
Ele congelara todas as ideias bonitas de ter os dedos entrelaçados com o dela, nem que fosse por pouco instantes. Não quis ver o que ia além daquela explosividade que as vezes era até meio cômica e da impulsividade dela em dizer coisas assim.
Tinha decidido que da maneira que fosse ficaria sozinho.
E ela antes mesmo de vê-lo novamente, depois daquele tempo distante, tinha decidido a mesma coisa. Mas mesmo assim ela sabia que não tinha o controle da batidas de seu coração, sabia que a vida era muito maior do que nossa vontade de ter tudo debaixo do nosso nariz. As coisas que não vemos fogem a nossa compreensão.
E mesmo que ela não quisesse nada com ninguém, ela não se fecharia assim num muro sólido e mentiroso como o dele. Porque sabia que era apenas um pecinha num tabuleiro imenso, onde vidas, histórias e caminhos se cruzam e se separam enquanto a gente pisca.
Mas ele não sabia, e como um bom controlador, queria ter tudo sob suas mãos. E foi nessa que ela fugiu.
Já que ele queria limitar espaços e definir as coisas, prendê-la numa caixa e amordaçar qualquer sentimento que viesse a falar antes mesmo de acontecer, ela fugiu dele. E novamente eles se perderam um do outro.
E enquanto ele continuasse assim, achando que poderia fazer tudo, pré-julgando as coisas antes dela acontecerem e não dando o mínimo espaço para que a vida agisse com suas maravilhas, haveria apenas tilintar de dedos distantes e lábios apertados com expressões de pesar.

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