quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Cadu

Cadu, por que você demora? Por que não chega logo?
Essas noites tão quentes, falta o ar pra respirar. São mosquitos, pernilongos, sapos no quintal e um barulho horrível desse ventilador velho, que só faz circular esse pouco ar que não sacia a minha sede, como a água que já esquentou nesse copo ao lado da minha cama.
Cadu, as coisas seriam mais fáceis se a gente se entendesse. Se você chegasse aqui numa sexta a noite, nem que fosse as uma e meia da manhã e dizesse: "eu estava morrendo de saudades de você". E depois você poderia tomar água gelada, guaraná ou até uma cerveja. E eu poria a rede no Sol, um dia antes de você chegar, pra ela não cheirar mofo nessa noite de sexta. Com esse calor, ficaríamos na rede, observando as estrelas no céu, alguns relâmpagos que anunciam uma chuva que parece que nunca vai cair.
Cadu, eu acordo de madrugada entediada e penso, não precisamos dormir abraçados, está calor mesmo. Mas se você estivesse aqui, talvez existisse alguma brisa mais suave, um vento da madrugada que refresca os corpos e acalenta os corações.
Por que você é tão difícil, Cadu?
Você podia ser objetivo, ao invés de me levar nesse banho-maria, eu já estou cansada da sua fala mole, do seu jeito frouxo e do seu descaso.
Olha, Cadu, é a última vez que escrevo pra você. É que eu li um livro que dizia que quando as chuvas chegarem o amor virá torrencial. Astrologia barata com meteorologia de quinta. Mas quando eu penso em você, Cadu, é só estiagem, seca e calor.
Mas olha, lá no céu, acho que eu vi um relâmpago...

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