terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O dia que você morreu pra mim...

Vai fazer um ano que coloquei um ponto final na nossa história. E hoje, nenhuma daquelas músicas me comove mais.
Você desfila por aí com uma versão falsa e mal feita de mim, de cabelo tingido e nariz grande. Ela é sensacional. E você não me comove mais.
É como se você tivesse morrido. Como se naquele fatídico dia que nos vimos pela última vez eu tivesse tido a notícia de que você estava doente e morreria.
Chorei muito. Não queria deixar você ir. Como uma droga que satisfaz o viciado, você era quem satisfazia os meus sonhos frustrados e esperanças despedaçadas pela vida. Eu tinha alguém pra culpar que não eu. 
Mas os dias iam passando, vez ou outra eu chorava. Sentia sua falta, ainda me comovia quando ouvia todas aquelas músicas, quase te liguei tantas vezes depois.
Pensei que você seria dessas histórias lindas que eu guardaria no meu peito e que iria morrer com a esperança de encontrar você no além.
Mas tamanha a minha surpresa o dia que você morreu pra mim. 
Foi horrível constatar que aquele homem que eu amei, que eu cuidei, que eu fiz um monte de besteira por causa dele, não existia mais. Tinha morrido no meio de uma tempestade de sentimentos violentos, remorso, mágoas e decepções.
Eu quis ser gentil. Eu quis preservar o mínimo. Mas você conseguiu ser mais estúpido do que todas as vezes que você foi estúpido na sua vida. E daí, você morreu pra mim.
Constatei tudo o que eu amava em você, não existia mais. Que você não existia mais. Você só era um homem com um monte de propósitos, mas sem propósito algum, que encontrou na minha réplica falsa e loira um consolo para os seus dias solitários, vazios de respostas, carentes de verdadeiros afetos e com um mar de arrependimentos que lhe arrastaram para o que você se tornou hoje. Frio, egoísta e vazio.
Eu não quero amar alguém assim. Eu não tenho amor pra amar o que você se tornou. 
Talvez você fosse uma grande mentira mesmo. Mas agora não é hora de pensar nisso.
O assombro da sua morte já passou. Hoje você só me dá repulsa, um pouco de desgosto e uma série de arrependimentos que não cabe aqui dizer.
E não adianta você jogar a culpa nos meus ombros. Cada qual tem seu Mea Culpa pra bater no peito. E eu sei a força do meu punho em mim mesma, não vou me ferir carregando seus remorsos, me cobrando por algo que você nunca pode e nunca soube me dar.
Penso, com remorso, que talvez tenhamos que acertar nossas contas e dívidas, que não são poucas, em outra vida.
Mas até lá, pra mim você já morreu.
Você mesmo se enterrou. Eu apenas o sepultei. E no momento em que joguei as rosas em memória de tudo que vivemos, senti que não volto mais pra pisar ali. Acabou. Estou livre de você. 


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