sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Três xícaras de café para Bel

Estava sentada, olhando o vento bater nas árvores enquanto os últimos raios de sol deixavam o céu alaranjado e rosa. Do jeito que ela gostava.
"Bel, vem tomar café". Uma voz grita de dentro.
" Já vou" responde sem empolgação.
Olhou para seus pés, precisava fazer as unhas. Depois olhou em volta de si. Um lugar verde e calmo, uma paisagem bonita, um coração tranquilo, mas um vazio sem eco, com nome e um suspiro.
Não fazia nem uma semana, mas o descaso dele doía.
"Ele não é ninguém". Dizia para si, convencendo-se de que de fato, o que significam essas pessoas que tem menos de uma semana de duração em nossas vidas? Nada.
Mas ele não. E por mais que soubesse que talvez ele pudesse vir a ser tão babaca quanto aquele amigo dele, porque ela sabia quem era, pensou que atrás daquele cara descolado, vivido, de camiseta preta desbotada e sorriso redondo, tinha alguém que ela gostava.
Gostava sim e não adianta esconder quanto a gente gosta, pensava. Tudo bem que ele estava na vida de Bel há uma semana, mas quem disse que sentimento pergunta se a gente quer, quanto tempo dura ou qualquer coisa do gênero. Quando a gente gosta, gosta na lata.
E Bel tinha gostado dele. Mas ele não apareceu mais. Era lacônico, distante, frio. Ele parecia uma tsunami quando se viram, mas depois, virou uma marola.
E o peito dela de oprimiu, porque ele era tão lindo e os finais de semana na fazenda seriam encantadores com ele ao seu lado.
Caminhar entre as macieiras, molhar os pés no riacho, fazer um pique nique a toa, numa sombra de uma árvore qualquer, ele combinava com isso e se lembrou do dia que conversaram tanto, nossa, podia passar a vida conversando com ele. Ela podia imaginá-lo sorrindo e num instante, sorriu.
E se pegou sorrindo. Estremeceu. Desiludiu-se e pensou que se levou uma semana pra gostar e ter saudade dele, talvez mais uma semana pra esquecê-lo seria o suficiente.
Levantou-se, sacudiu a cabeça como quem busca afastar os pensamentos e foi tomar café. Café, que abrasa os corações desiludidos. Três xícaras de café para a Bel, tia, por favor.

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