terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Relato de uma princesa que desceu da Torre

Desci da Torre. Cansei. E dispensei o dragão, senhores.
" Não necessito mais dos seus serviços, por ora. Vá para o Caribe, senhor dragão". Ele foi, mas cá entre nós, pense num dragão tapado. Porque no script tava que ele só ia deixar o príncipe entrar. Alok, né, dragão, cheirou cola e comeu a lata, porque príncipe, pff...
Até apareceram uns príncipes made in China, a gente se ilude tanto com esse tipo de produto, né, minhazamiga?
Achei que ia ser uma revolução. Mandei pombo correio pra todazamiga princesa falando: AGORA VAI!
Mas quem disse que o felizes para sempre vingou? Vingou bosta que vingou. E ainda bem que não. Fico pensando eu, essa linda criatura divina, tendo que passar as camisa daquele condenado, ponta de estoque, produto barato e propaganda enganosa. Ufa! Vaya com Dios, desgraça!
Mas ninguém disse que vida de princesa da torre era fácil, néam.
 Daí eu decidi que não entrava nem príncipe mais. Seria uma princesa solteirona, feminista, feliz e desencanada. E levei meu projeto firme e forte. 
Fechei meu coração e tava bem convicta de que ia demorar umas décadas pra eu abrir de novo os portões do castelo encantado que bate no meu peito. Ok, princesa, até que um dia acordei feliz, amável e senti que a vida abria meu coração por mim. E não é porque tinha um bofe no pedaço, na verdade não tinha, mas o coração da gente é assim. Não é quando a gente quer e nem como... Ele simplesmente desabrocha, como uma flor que sabe o tempo de abrir. 
Na hora fiquei tensa, mas depois fui me acostumando a ter as pétalas mais vivas e o sorriso quente.
Mas, pohan, ficar aqui na Torre again, esperando aparecer outro príncipe ou voltar um outro, começar tudo daquela velha maneira... Ah, já deu, né, princesa?
Daí decidi mesmo que ia descer da Torre...
Por que esperar pelo príncipe encantado se a gente pode trombar com ele num barzinho por aí, numa cafeteria qualquer ou marcar um encontro no sábado, no domingo, ou num dia que der vontade?
Por que seguir manuais de etiqueta de "como deve se portar uma princesa" ou "Princesas espertas fazem c* doce" sendo que a gente pode mandar sms quando der vontade, até ligar, ou dizer, no ímpeto que está com saudades?
Quem disse que essas fórmulas todas dão certo? E se eu seguir e mesmo assim, não der em nada? Freud explica? Explica mas não resolve, néam?
Eu desencanei desses manuais. Não conheci, até hoje, uma princesa que tenha sido feliz para sempre seguindo esse monte de regra vomitada por alguma mal amada que encontrou a fonte da ilusão.
Aliás, desci da Torre. E tô alugando... Favor entrar em contato direto com a imobiliária. Fica no reino mais próximo. Quanto a mim, digam que fui por aí...





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